Situado numa das mais férteis áreas entre Lagos e Sagres, explorada pelo menos desde o período romano, o fortim da Quinta das Alagoas foi um modesto mas imprescindível protagonista no apoio aos fortes da orla marítima do Barlavento Algarvio na defesa dos bens agrícolas das populações desta zona contra as embarcações piratas que subiam a ribeira de Vale de Barão, navegável antes do terramoto de 1755 desde a Boca do Rio (conhecida na altura como Praia de Almádena) até Almádena.
O edifício central do fortim, cuja construção será datada do final do séc. XIV, desenvolve-se numa planta quadrada com restos de um torreão no canto sudeste. Nele podem ainda ser observadas uma seteira do lado nascente do portão de entrada bem como merlões para duas possíveis canhoeiras nas grossas muralhas do pátio. Uma inscrição gravada em estilo humanístico antigo talvez revele a data de construção: 1364. A forma atarracada de muros baixos mas muito largos da construção, com um torreão abaluartado e duas canhoeiras no piso inferior sugere a incorporação dos princípios de defesa ativa e da adaptação às armas de fogo na arquitetura militar de transição surgida no final do séc. XIV. (Fotografias gentilmente cedidas por Joaquim Marreiros)
Duas das construções adjacentes ao edifício (atualmente designadas como palheiro e vacaria) mantêm a sua origem seiscentista e nas suas paredes existe uma amálgama de materiais de construção visivelmente recoletada de outros sítios. São exemplo disso duas pequenas colunas de pedra, renascentistas, provavelmente reaproveitadas de construção local mais antiga, para reforçar a entrada da porta do estábulo.
Para além de um machado cerimonial neolítico encontrado na horta, os vestígios mais antigos na Quinta das Alagoas serão um peso de lagar e uma arcada em tijolo na base da parede norte da mina de água, que poderão revelar uma possível origem romana.
O edifício encontrava-se em estado de grande degradação, tendo as obras de reconstrução sido iniciadas em 2004, interrompidas nesse ano e continuadas a partir de 2012.
