Os navios que faziam a rota entre o Mediterrâneo e o norte da Europa tinham de ter em conta as condições climatéricas e, em especial, o regime de ventos do barlavento algarvio. Quando fustigados pelo vento leste os navios não podiam abrigar-se em Lagos e eram forçados a fundear em Beliche. As frequentes e intensas nortadas de Verão impediam os navios que, vindos de leste, tentavam dobrar para norte os cabos de Sagres e de São Vicente, obrigando-os a arribar à enseada de Sagres. Para além destas contingências a região de Sagres era constantemente alvo dos ataques de piratas de várias nacionalidades que atacavam os navios que por ali tinham de passar.
Não é por isso de estranhar que dos mais de 140 navios naufragados ou afundados, referenciados na costa algarvia, 110 se localizem no barlavento, sobretudo ao largo de Sagres. Entre esses destacam-se:
L’Ocean, Navio Almirante Francês com 801 homens de tripulação e 80 canhões, derrotado pela esquadra Britânica na Batalha de Lagos a 18 de Agosto de 1759 durante a guerra dos 7 anos. Está afundado na Boca do Rio, próximo da praia da Salema. Na mesma batalha também foi afundado o navio francês Redoutable junto à praia do Zavial.
Entre os 21 navios afundados por submarinos alemães durante a I Grande Guerra nesta região, destacamos dois cargueiros dinamarqueses o Wilhelm Krag e o Nordsoen, outro norueguês o Torvore, e ainda uma embarcação francesa o Bienaimé Prof. Luigi, todos eles afundados ao largo da Meia Praia pelo submarino Alemão U-35, comandado pelo famoso Lothar von Arnauld de la Perière.